da indisponibilidade
Num destes últimos dias, pude assistir a duas conferências únicas. Uma, à hora de almoço, em Lisboa, outra, ao fim da tarde, no Porto. Oradores brilhantes, embora tão diferentes na exposição. O que me ficou desse dia - independentemente dos temas específicos e dissonantes das conferências -, foi uma reflexão sobre a nossa crescente indisponibilidade para ouvir. Nesse dia, ouvi, como outros, eventualmente. Mas, destes últimos tempos, anos talvez, o que me fica mais claro é essa indisponibilidade - que nada tem a ver com tempo - para o outro. Seja nas questões profissionais, seja em relacionamentos de outra ordem, parece que já poucos de nós estão disponíveis para receber, ouvir, entender, sentir. De alguma forma, estamos a perder-nos uns dos outros, nessa superficialidade de conhecimentos, aproximações, sentimentos.
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