Zona de conforto

Não é tanto a utilização na política que me incomoda, porque sobre a política nada me apetece comentar. Refiro-me mais ao uso empresarial e numa área a que poderíamos classificar de personal coaching.
Nos últimos tempos, anda meio mundo a recomendar ao outro meio que saia da sua zona de conforto. Eu até nem me tenho dado mal com isso - sempre que fui obrigado a sair da tal zona, ganhei, apesar do que perdi.
Entendo perfeitamente os benefícios do risco. O que me aborrece é essa obrigação de arriscar, como se todos os dias alguém me perguntasse, "e hoje, o que já arriscaste?".
Essa ditadura do risco faz parte, aliás, de uma conspiração mais vasta, um modismo, diria, que pretende inverter o ângulo de ataque de toda a realidade. O que ontem era seguro, é hoje posto em causa e assim sucessivamente, numa patética e cansativa esquizofrenia.
Ora o que é mesmo bom e natural é o conforto, o que todos queremos é alcançar a nossa zona de conforto, o nosso castelo, nem que se trate uma zona móvel e de amplitude variável.
Sair da zona de conforto é bom, seja por iniciativa própria, seja, na maior parte dos casos, pelas circunstâncias. Mas esse desconforto, esse perder o chão debaixo dos pés, não pode ser um exercício permanente, muito menos uma obrigação. Só um idiota retira prazer de estar permanentemente fora da sua zona de conforto.

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