gosto de escrever, embora o faça cada vez menos. até um dia, porque há sempre um dia.
e gosto de ler. leio muito, mas muito pouco do que gostaria verdadeiramente de ler.
em ambas as actividades, ler e escrever, gosto de o fazer bem. ou, pelo menos, tentar.
gosto do trabalho da língua, de a usar a toda a sua extensão, plenitude e, sim, limites (como esta frase, por exemplo).
gosto, portanto, de explorar as regras da língua. mas - e esse é o ponto - na língua, como no resto, explorar as regras, as potencialidades, implica, a meu ver, forçar os limites das regras e das potencialidades. simplificando, a língua é uma entidade viva e evolutiva.
daí que seja adverso, muito adverso, a pessoas que passam a vida a corrigir a língua dos outros e, por maioria de razão, a pessoas que chegam a dar-se ao trabalho de sistematizar a coisa, elevando-a à categoria de artigo de jornal, lista, ou até livro.
vem isto a propósito de uma lista publicada pela visão e que está a ser muito partilhada nas redes sociais. o autor está cheiinho de razão e até tem graça. o que, lá está, só faz aumentar a minha vontade de começar a dizer e a escrever tudo o que ele proíbe. não o fazer é, isso sim, deixar morrer a língua.

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