as pessoas acham que um político ir trabalhar para uma empresa é promiscuidade. promiscuidade não é isso. promiscuidade é um político trabalhar para empresas enquanto faz política. promiscuidade é um comentador de televisão fazer política e negócios enquanto comenta.

a não ser que queiramos criar uma classe sócio-profissional de políticos - uma espécie de depósito- casta, onde iríamos buscar os políticos para fazerem poder e oposição - teremos de aceitar que as pessoas que passam pela política têm todo o direito ter carreiras profissionais, como exigimos para cada um de nós.

as pessoas criticam as transações da política para as empresas porque, dizem, as empresas só estão interessadas nos conhecimentos dos políticos. hoje, a rede de conhecimentos é um factor tão ou mais importante em qualquer currículo quanto a formação académica e a experiência profissional. a apetência das empresas pelas redes de conhecimentos dos políticos não é, em si, má.

dito isto

devem existir regras de distanciamento sectorial e temporal entre a actividade política e a actividade empresarial. e é nesse campo que o tema pode e deve ser discutido.
porque, por exemplo, não é aceitável que, mercê da proximidade temporal entre as duas actividades, possa formra-se, sequer, a suspeita de que o político a) favoreceu a empresa que o acolhe quando era político; b) faz transitar para a empresa inside information relevante colhida na sua actividade recente de político. aí sim - e voltamos ao início da conversa - podemos estar perante um caso de promiscuidade.

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