é verdade, já todas as campainhas soaram.
não me parece que quem ama a liberdade, o debate de ideias, a democracia possa ficar indiferente à devastação que atravessa o jornalismo (os media são outra coisa...), à escala global, mas especialmente em casa.
trata-se de um daqueles casos em que todas as palavras já foram gastas, os não fossem os protagonistas desta história artifices da palavra.
sim, é preciso reinventar o negócio, na certeza de que a ideia de negócio é, no caso, arcaica.
e é preciso salvar o essencial, que é a função pulmonar que o jornalismo representa para a democracia.
as soluções são, a esta hora, já de emergência e extravasam vastamente as capacidades instaladas no sector. terão de envolver outros agentes da sociedade, da economia, do poder político.

a enésima crise no público é tudo o que quem gosta de jornais e jornalismo não gostará de assistir. porque o público é, precisamente, um projecto que encaixa na estreita fresta de futuro pela qual terá de passar o jornalismo - um projecto envolvendo um (embora não totalmente assumido) mecenato, exercido em condições de liberdade e profissionalismo.

outra coisa, bem diversa, é a nebulosa de interesses inconfessáveis (até porque não assumidos) que nos últimos anos se instalou em portugal. em democracia não é tolerável que a propriedade dos media seja um jogo de sombras. como exercer o jornalismo com transparência e liberdade se não há transparência quanto a quem financia esse jornalismo?

outra coisa ainda é a total falta de auto-regulação que leva, por exemplo, a que os diversos media se citem continuamente, em loop, desvalorizando de forma implícita e implacável a matéria-prima de que são feitos. não há leis que conformem o problema, terão de ser os jornalistas a travar essa auto-fagia, que constitui uma das principais causas do declínio geral.

isto para começo de conversa. porque depois há que arregaçar as mangas e levar à prática meia dúzia de medidas corajosas (não sendo este o local ou emissor adequado para as explanar).

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