é muito interessante [NOT] seguir o desenrolar mediático de acontecimentos como os da grécia, ainda mais desde a eclosão das redes sociais.
toda a gente se sente na obrigação de ter - pior, de dar - opinião, embora apenas uma pequena minoria se sinta de obrigação de pensar um pouco antes de o fazer.
o resultado é uma espécie de ruído branco - um tipo de ruído produzido pela combinação simultânea de sons de todas as frequências -, em que tudo se confunde e já nada tem significado por aí além.
como se todo o espaço mediático fosse atraído para um buraco negro, sufocante e aniquilante.
ou, talvez, como uma bebedeira geral. estão a ver? quando se atinge aquele grau de embriaguez e se entra em piloto automático: os gestos - no caso, as palavras - desenrolam-se automaticamente, de acordo com uma coreografia que nos é anterior e exterior, e tudo (nos) parece estar dentro da maior das normalidades.
mas não está. às vezes, saímos da coreografia, desequilibramo-nos, damos tropeções. fazemos gestos involuntários.
como na algazarra grega: um vasto conjunto de ébrios, repetindo ad nauseam os mesmos argumentos, alguns deles carentes de qualquer sentido. frequentemente, o chip de um dos bêbados baralha-se todo e saem frases sem sentido, ilações bacocas, em que ninguém repara porque, precisamente, está tudo bêbado.
o exemplo mais eloquente desse efeito é o elogio que se insiste em fazer ao exercício da democracia e à coragem dos gregos.
what? estamos a falar do pagamento de dívidas, do cumprimento de acordos. como é que a democracia ou a coragem aparecem neste filme?

4 comentários :

  1. Pois é. "ter opinião" só na XXI, e depois de devidamente autorizada pelo sr. Soares dos Santos. De há muito me espanta o efeito que a aproximação à Fundação Francisco Manuel dos Santos sempre provoca no espírito dos sociólogos. Para mim, o caso de Pedro Magalhães é o mais surpreendente. Verifico agora que acontece o mesmo com os jornalistas. E, para já, o caso de João Morgado Fernandes, é o que mais me estranho.
    Porque por trás dessa coisa dos acordos e das dívidas que se sacrossantificam há a questão das condições concretas em que são assinados, uns, e assumidas, outras, e a da formação da vontade de quem os assina e/ou as assume.
    Os meus cumprimentos à dra. Fátima Bonifácio e ao sr. José Manuel Fernandes.

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  2. Ora bolas, nem uma referência ao Pingo Doce ou aos peixinhos do Oceanário... Sem essas reflexões inteligentes, nunca mais o convidam para colunista de jornal e nunca mais deixa de ser anónimo. Uma chatice!

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  3. mais ou menos como uma canção para o resto da vida
    uma questão de democracia ou há ou não existe.
    com a grécia é assim, eles sabem, nós não
    digo, o tuga. é feio mas vai-lhe bem (ao tuga)
    what? pois é, tás enganado pá, não tens
    razão, mas tá bem, se quiseres vais ali ver
    se está um grego à esquina, quando virarem
    a emitir moeda e tu branco e tuga ficas à espera
    que te caia o escudo em cima e a perguntares what?
    como foi que aconteceu? ora bolas, que chatice!
    vale uma aposta? é que isto tá tudo ligado: gregos, troianos,
    tugas e a maldita da economia a dar-lhe e a burra a fugir. lol

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  4. ah desculpa o ruído não é branco o ruído é morno.
    capice??

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