quando comecei a trabalhar nesta edição, escrevi no blogue:
Quel est le point commun entre un enfant qui marche pour la première fois, un amoureux qui déclare sa flamme et une entreprise qui innove? L’audace! C’est la prise de risque qui permet d’avancer.
trata-se de uma frase do texto de apresentação de uma exposição que, na altura, estava em paris. escrevi-a em jeito de marca - esta edição começa aqui. com a revista a chegar às bancas, recordo-mo da frase e não posso deixar de notar que ela, a sua ideia, e a própria realização da revista mexeram muito mais comigo do que esperaria.
começámos a fazer este número estava eu a caminho do décimo mês de desemprego. jurei a mim próprio que nunca escreverei nada de substancial sobre esse período, porque talvez a principal lição desse tempo é que apenas quem passa por uma situação daquelas pode verdadeiramente compreender o carrossel de emoções associado. e não vale a pena perder muito tempo a explicar.
na exacta semana em que copiei aquela frase, tive o mais inesperado desafio profissional da minha vida. não percebo, nem quero perceber, nada de futebol. não gosto, nem quero gostar. e o que me propunham era dirigir a comunicação de um clube de futebol.
foram dois meses dos quais guardo a melhor das memórias, pelo desafio e pelas pessoas com quem trabalhei.
e já na fase final da revista - num dos seus picos de trabalho - comecei a trabalhar noutro sítio, da única forma que sei, com total empenho, e sabendo, por experiência, que o prazer de fazer é, nos dias que correm, a principal e muitas vezes a única recompensa.
a revista sempre foi um side project. extraordinário é que seja também aquele em que tive mais liberdade. que é total, aliás, sendo o orçamento o único limite.
a realização desta revista, deste número em particular, representou, ela própria, uma vasto conjunto de riscos e desafios, esse, afinal, o preço da liberdade.

mas o tema do risco desafiou-me, também. e esse foi, de um ponto de vista muito pessoal, o maior ganho destes seis meses. percebi que, afinal, arrisquei sempre muito mais do que imaginava. e percebi, também, talvez com mais clareza do que nunca, a importância do risco e do desafio para a minha vida. para estar vivo.
por uma (penso que) evidente opção de pudor, menciono aqui apenas os desafios profissionais, e logo públicos, com que me deparei. os outros ficam comigo.
a minha relação com o mundo, e com os outros, mudou muito nestes meses. ou talvez tenha apenas ficado mais clara, o que do ponto de vista prático é a mesma coisa.

e agora junho é um mês tão bom como outro qualquer para lançar novamente os dados:

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