acho maravilhosa aquela funcionalidade do gmail que, quando escrevemos a palavra 'anexo' no texto, e não agimos em conformidade, nos alerta: oh palerma, esqueceste-te do anexo. além do mais, isto deve dar emprego a uma data de chineses ou indianos, obrigados a ler instantaneamente todas as palermices que escrevemos, coitados!

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estou aqui com o iTunes hesitante: carrego o iPhone com os discos dos concertos de colónia do keith jarrett, os seis discos das basement tapes do dylan, ou deixo aquilo no shuffle do costume? às vezes, entram por ali uns abba que até arrepia.

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tenho saudades do alfa pendular.

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Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

o poema chama-se Esplanada e é do Manuel António Pina, o tal poeta que eu (e o mundo) só descobri tão tardiamente. um belo poema sobre pernas, com a imprecisão de a parte andante delas ser meramente acessória (acho que ele escreveu assim, se calhar por causa da rima. ou da métrica).

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