aproveitei para arrumar os nokia. são uma dezena, que não os contei. guardo-os por afecto museológico - agrada-me a ideia de que um dia alguém lhes resgate diálogos doces e amargos, agendas secretas, quem sabe? uma foto de ti feliz.

os nokia foram uma fase da minha vida. eram objectos lindos, sem arestas, e sobretudo muito fiáveis. com eles, podíamos fazer planos sem o risco de nos falharem, sabíamos que estavam sempre ali mesmo quando não dávamos por eles, eram resistentes. resilientes, como agora se diz. não prometiam muito, mas o que prometiam faziam. foram dias de felicidade serena, com os nokia.

(falta-me um, que me roubaram no coliseu, à entrada para um concerto, era ainda quase novo, o nokia e eu. não tínhamos segredos.)

depois vieram os blackberry e o que era seguro deixou de o ser. os blackberry prometiam muito e às vezes davam, outras vezes não. tão depressa me maravilhavam como me deixavam ficar mal e me decepcionavam e me irritavam. os blackberry faziam-me o impensável - desligavam-se sozinhos, por capricho. e apesar de tudo não guardo má memória dos blackberry, se de memória se pode falar quando o passado acabou de passar e ainda nem sabemos muito bem o que fazer com ele.

e agora tenho um iphone.

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