prazeres da horta

O Fernando Alves contou hoje de manhã a história do avisador de marés, um fulano que se passeia pelas praias frias do norte de França, alertando os banhistas para os caprichos do mar. Pelo nome e pelo resto, tem potencial de romance.
Mas o que me prendeu mesmo foi uma história do bloco de economia, minutos antes na mesma TSF.
Um empresa portuguesa está a comercializar uma aplicação que dispensa a ida à horta. Confortavelmente, a partir do sofá, podemos determinar a plantação de alfaces ou a colheita de feijões, que alguém fará por nós. Com uma webcam, acompanhamos o processo.
Uma espécie de derivação de um famoso jogo do Facebook, em que milhões de pessoas têm consumido os poucos neurónios com que foram brindadas pela Natureza.
Na prática, esta empresa terá inventado a maneira de anular o único interesse das hortas urbanas - meter as mãos na terra.
Por essa translação do princípio do prazer, mas também pela similitude da ausência de enredo (assistir ao crescimento dos nabos.... buah), estamos verdadeiramente em terrenos da pornografia.

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