Canções para o resto da vida [desert island selection .1]

to give a love, you gotta live a love
i wanna live, i wanna give

Neil Young, com Dylan e Cohen, é um dos vértices de uma muito privada santíssima trindade. Fundadores e reinventores permanentes (os últimos discos de cada um deles aí estão para o provar) de quase toda a música de que gosto.
O canadiano, este canadiano, é o mais difícil dos três, muito por culpa da irrequietude que sempre o caracterizou - na mesma década, gravou discos de country puro, de electrónica (!) e umas coisas de quase-ruído, inaudíveis.
É um perfeccionista, já experimentou todas as técnicas avançadas de gravação e edição, cada disco é uma aventura visual, e são conhecidas as peripécias que se arrastam por décadas à volta de antologias e outras minúcias de coleccionador.
Nele, gosto especialmente do profundo lirismo da música, disse 'música' e não poemas. Lirismo sonoro, como quando prolonga por minutos eternos os solos de guitarra eléctrica, sempre à beira do caos sonoro. Como faz cantar a guitarra. Gosto também do modo como conta histórias ('Cortez The Killer'), do lirismo (helas!) de algumas letras ('Hurricane') e da doçura que emana das suas melhores canções.
Nesta gravação de 1971 (as canções hão-de surgir em Harvest, 72), juntou dois temas simplesmente fabulosos: 'A Man Needs a Maid' (seria impossível escrever isto hoje, obviamente) e 'Heart of Gold' (talvez a sua canção mais conhecida, mais comercial). Falam ambas do mesmo: a desilusão do amor, o motor por excelência das grandes canções. E, sim, é verdade, (est)as canções são a banda sonora do filme da (minha) vida.


Neil Young
A Man Needs a Maid / Heart of Gold

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