moby dick

há largas semanas que, intermitentemente, me entretenho com Moby Dick, um calhamaço razoável. ler (nalguns casos, reler) os clássicos faz(me) bem à alma, por motivos que não sei explicar.
há dias, no seu blogue, Rentes de Carvalho, a nova coqueluche literária dos conservadores, escrevia assim:
(...) Um livro com que (quase) toda a gente se embasbaca, compreende, e com ele se voa para  regiões superiores do espírito, mas não consigo ler até ao fim: Moby Dick. O que prova que a culpa não é do livro, mas do leitor: não posso ter razão contra os milhões de anónimos e os grandes espíritos que o reverenciam.
Moby Dick é, de facto, um livro de escrita magistral. 
ao contrário de outros clássicos, a escrita não é sequer elitista, complicada. pelo contrário - e talvez daí o seu papel de referência na literatura americana - tudo ali é simples. simplesmente, está bem escrito.
pela parte que me toca, o tema - a caça à baleia, em todo o seu pormenor - tem sido o principal travão à leitura. mas talvez também a boa escrita - é fantástica a erosão na nossa capacidade de apreensão que advém do verdadeiro cerco de escrita fácil/rápida, seja na literatura propriamente dita, seja especialmente nos media. 
parte do gozo de ler Moby Dick, hoje, está em encontrar, um dia por outro, um tempo, um lugar, para a slow reading. melhor ainda quando essa fruição lenta contamina o normal dos dias.

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