quoi
de notre amour feu ne resterait que des cendres

moi
j'aimerais que la terre s'arrête pour descendre

toi
tu me dis que tu vaux pas la corde pour te pendre

c'est à laisser ou à prendre


lisboa à noite, jun 14
(havana style)


não conheço adélia prado, escritora e poetisa. cheguei a este vídeo através dos links no facebook, que dizem coisas como: "adélia prado denuncia ditadura do PT e cala jornalistas" (no fb português, o link diz "cala jornalistas de esquerda"...).
ora o que adélia prado diz resume quase tudo o que não gosto no actual espaço público, seja pela voz de políticos, comentadores, jornalistas ou de "simples cidadãos" - esta crítica aos "desmandos" dos actuais poderes, à "luta pelo poder", à "troca de favores", à "luta por cargos", à "ditadura" exercida pelos eleitos.
estas posições revelam, antes de mais, uma enorme ignorância acerca do poder e da sua história. desde que a humanidade existe que existe luta pelo poder (e nem só na política...) e a luta pelo poder é o desejo de dominação, de mandar, de fazer valer o seu ponto de vista. não há novidade alguma no que a isto diz respeito. novidade apenas, e relativa, será a mediatização desses fenómenos.
outra parvoíce tem a ver com o "silêncio dos intelectuais" - nunca, como agora, tanta gente fala de tanta coisa tão permanentemente. se há fenómeno excessivo não é o do silêncio, mas sim o da algazarra.
o que adélia prado faz nesta entrevista não é nada de excepcional - ela toma posição, enquanto alguém com um alinhamento político evidente, acerca de uma realidade política de que não gosta. tenha o brasil um governo de direita e veremos a mesma adélia tecer loas à pujança da política e dos intelectuais do seu país.
não entendo - ou melhor, entendo... - tanto barulho a propósito de nada.
bridge of june
st. amaro drive
You raise up your head
And you ask, “Is this where it is?”
And somebody points to you and says “It’s his”
And you say, “What’s mine?”
And somebody else says, “Where what is?”
And you say, “Oh my God
Am I here all alone?”

As rosas do tempo

Admirável espírito dos moços,
a vida te pertence. Os alvoroços

as iras e entusiasmos que cultivas
são as rosas do tempo, inquietas, vivas.

Erra e procura e sofre e indaga e ama,
que nas cinzas do amor perdura a flama.

[Carlos Drummond de Andrade]


Gerry Goffin
(1939-2014)

aprendi a gostar de música (!) quando comecei a procurar nas capas dos discos os nomes dos autores e dos produtores. e foi nessa altura que fiquei literalmente apanhado pela dupla goffin/king. li hoje algures que eles fizeram a banda sonora de muitas adolescências. na verdade, eles estão entre os autores mais importantes da adolescência da música pop-rock tal como hoje a conhecemos.
'will you still love me tomorrow' (1960, pré-Beatles) tem tudo o que uma boa música pop deve ter (impressionante, a lista de versões).

não há sinal mais evidente de que estamos no fim de uma civilização do que a fruta vendida nos hipermercados. que fizeram eles ao sabor das nossas cerejas, pêssegos, melancias?

o chico | futuros amantes

chico buarque faz parte das minhas memórias afectivas mais permanentes. mas, como às vezes acontece com as pessoas e as coisas de que gostamos mais, quase o esqueci a certa altura da vida, seguro que estava da sua presença eterna. não é assim, porém, e isso seria toda uma outra história, ou histórias, para ser mais preciso.
vem isto a propósito do 70.º aniversário do chico, que passa na próxima semana e que está a ser assinalado em alguns lugares. e foi por aí, em alguns lugares, que repetidamente encontrei referências a uma das mais belas canções de chico que não conhecia. porque é de uma fase tardia (93), em que, claramente, andava distraído com outras coisas.
fabulosa, esta ideia do amor não utilizado e que fica à espera de melhores dias e outros protagonistas. a letra é lindíssima, mas a explicação prévia do chico não lhe fica atrás.

sexta-feira, 13, lua cheia

sim, conheço. sim, estive lá. sim, disseram-me isso. sim, e não foi só aí

Miguel Carvalho: Um País de patos-bravos feitos empresários de sucesso, de comendadores da mula russa e gangsters de taco de golfe não devia poder nunca olhar na cara de profissionais decentes, íntegros, sem pelo menos tremer. Muito menos para despedi-los.
A vida já continuará, mas hoje não. “Fui eu? Foram eles? O que fiz de errado? O que farei agora? Como vou dizer? Como vou fazer? Quero um abraço. Não quero ver ninguém. Quero viver. Quero morrer. Merda para isto. Respira fundo. Mas para quê? Rosna. Chora. Põe-te de pé! Desaba… Com esta idade? Com esta idade.”
Pedro Santos Guerreiro, hoje, no Expresso.
Deviam proibir as pessoas de escreverem nos jornais textos que deixam os olhos de outros pessoas rasos de água.

e por falar em deuses (que devem estar loucos, só pode)

no próximo disco, dylan faz uma versão de... sinatra.

deus vai descer novamente à terra, lana del rey é a sua messias e não estou seguro de que mereçamos tanto.
por um mundo sem futebol

love me like i'm not made of stone

even though it hurts, even though it scars

[changes]



Sit by my side, come as close as the air
And share in a memory of gray
And wander in my words
Dream about the pictures that I play of changes

Green leaves of summer turn red in the fall
To brown and to yellow, they fade
And then they have to die
Trapped within the circle time parade of changes

Scenes of my young years were warm in my mind
Visions of shadows that shine
'Til one day I returned and found they were
The victims of the vines of changes

The world's spinning madly, it drifts in the dark
It swings through a hollow of haze
A race around the stars
A journey through the universe ablaze with changes

Moments of magic will glow in the night
All fears of the forest are gone
But when the morning breaks
They're swept away by golden drops of dawn of changes

Passions will part to a strange melody
As fires will sometimes burn cold
Like petals in the wind
We're puppets to the silver strings of souls of changes

Your tears will be trembling, now we're somewhere else
One last cup of wine we will pour
And I'll kiss you one more time
And leave you on the rolling river shore of changes

So sit by my side, come as close as the air
And share in a memory of gray
And wander in my words
Dream about the pictures that I play of changes

de um livro sobre os maluquinhos pelo Dylan.
como explica um caramelo da Uncut, mais maluquinhos que os maluquinhos do Dylan, só os maluquinhos do Neil Young.

[early morning rain]

and a song i was writing is left undone
i don't know why i spend my time
writing songs i can't believe
with words that tear and strain to rhyme

and so you see i have come to doubt 
all that i once held as true 
i stand alone without beliefs 
the only truth i know is you

é sempre a mesma cantiga / pequenas coisas

da série 'miúdas que me desestabilizam muito seriamente'

/ she says, you've got a minute left to fall in love /

just dance me to the dark side of the gym
chances are i'll let you do most anything
i know you're hungry, i can hear it in your voice
and there are many parts of me to touch, you have your choice

ah, but no you cannot see
she said "no you cannot see"
she said "no you cannot see
my naked body"

república ou monarquia? sim... e?
ponto final reticências
as redes sociais e mesmo os media tradicionais estão cheios de fotos de elefantes e referências às amantes do rei. o que eu gosto de viver numa sociedade de gente, não apenas bem comportada e politicamente correcta, mas que vigia rigorosamente os pequenos comportamentos dos outros...

juan carlos é o rosto, certamente mais simbólico que adolfo suarez, da mais exemplar transição para a democracia da europa moderna. só isso.

se puede ganar o perder, pero lo más importante es dejar todo em la cancha