É o que dá ter na garganta um calcanhar de Aquiles, o que além do mais deforma imenso o nó da gravata


da incapacidade de surpreender

aprendi apenas uma coisa definitiva sobre a relação das mulheres com os homens: que aquilo que parece, é. [Pedro Mexia]

menos que isto será pouco

four total lunar eclipses between April 2014 and October 2015 herald a significant change in human history, with each eclipse coinciding with Jewish high holy days. NASA does in fact predict four eclipses during that time frame, although the agency is silent on what this portends for humanity.

Hagee’s prediction stems from the Old Testament’s Book of Joel, where “the great and terrible day of the Lord” is preceded by the sun turning dark and the moon becoming the color of blood. “I believe that [God] has been sending signals to planet earth, and we just haven’t been picking them up,” he said in a recent sermon. So keep an eye on the moon.

All Together Now


Taí

Há uma música brasileira antes de Taí [Jan. 1930] e outra depois, diz Ruy Castro. Da canção, mas especialmente da orquestração e da interpretação.

Dicionário das redes sociais [letra i, ou s]

Indignação selectiva: aquela indignação na qual eu, só para me armar, seleccionei não entrar.

Canções para o resto da vida [desert island selection .8]

I'll make you happy, baby, 
just wait and see
For every kiss you give me 
I'll give you three

Ponham umas castanholas e eu rendo-me. A sério...
Mas nesta canção não são apenas as castanholas. É tudo. Não há aqui uma fracção de segundo que não seja perfeita. Para a história da música haveria de ficar o termo "wall of sound", o que é altamente redutor para definir a magia de Phil Spector.
Este clip junta uma versão estéreo obtida digitalmente (o original, mono, é de 1963) a imagens de várias apresentações das Ronettes em programas de televisão.


The Ronettes 
Be My Baby

luzes e tristeza

Ao lugar-comum de que uma imagem vale mil palavras, gosto de responder que "depende do tamanho da foto", sendo certo que poucas fotos ocupam nos jornais o espaço necessário a mil palavras. Com raríssimas excepções, a imprensa doméstica dedica pouco espaço à fotografia, talvez por falta de fé no seu poder de comunicação, seguramente porque vivemos tempos de atordoante palavreado. Talvez por isso, muitas das fotos - de grande qualidade, diga-se - que a Lusa elegeu como representativas de 2013 são para mim um surpresa. Fotos de alguma(s) luz(es), mas principalmente fotos de um país triste.

uma ilusão funcional

Got a working illusion
In the palm of your hand
Why in the world would you want to lose that?

as minhas aventuras na zuckerbergland

Dizem-me no Twitter que o LIVRE está a transmitir ao vivo pela Net a sua Assembleia Constitutiva. Que chatice... logo agora que estou a sair para a praia.

O Prémio Peru do Natal 2013 na área do Marketing vai para a Bimby, que conseguiu colocar duas noticias de grande relevo (uma página no Público e primeira página no Sol) sobre o recorde de vendas. Números obviamente indiscutíveis no mercado rigorosamente auditado dos robots de cozinha...

Jaime Nogueira Pinto, hoje em duas entrevistas: i e Dinheiro Vivo (DN/JN). Começo a pensar que Lisboa tem mais jornais que potenciais entrevistados.

Hora de ponta... as greves do Metro despertam o PNR que há em mim.

Milhões de folhas de plátano a esvoaçar no asfalto. Lisboa é cenário de mais um episódio de Walking Dead.

Com tantos cookies que aceito quando visito sites novos, o computador já mais parece uma lata recheada para o chá das cinco.



















Paulo Portas inaugurou um relógio que anda para trás. Coerente, portanto.

Aquela coisa dos Filhos do Rock, que dá aos domingos à noite na RTP, conta alguma história, ou é apenas uma interessante reconstituição de uma época?

Estou a pensar organizar um funeral. Eu levo as cervejas. Quem leva o iphone para os selfies?

Oops... esta coisa dos Gato Fedorento é um embaraço como há muito não víamos. E agora?

I became the one who sits and watches from afar
You became the woman in the german car
I constructed characters in Quark and Photoshop
The longer you were gone the less the longing

Canções para o resto da vida [desert island selection. 7]

O resto é mar
é tudo o que eu não sei contar

A felicidade é uma canção brasileira. Há, aliás e a prová-lo, uma canção brasileira que se chama felicidade (curiosamente, do mesmo autor da canção deste post). Só nas canções brasileiras, bossa nova especialmente, há aquela leveza com um traço de melancolia que nos faz felizes sem sabermos porquê. Como as mulheres, diz outra canção brasileira (curiosamente, do outro autor da canção da felicidade que não o autor da canção deste post), "que têm que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste".
'Wave' é uma das minhas canções brasileiras preferidas de sempre. Linda, melancólica. Feliz.
Mas acontece qualquer coisa de estranho com esta canção de Tom Jobim - não conheço versão que a mereça. As que mais se aproximam são as instrumentais, a de Oscar Peterson especialmente. Gostaria de uma versão extraordinariamente lenta e luminosa, cheia de respiração, mas muitas das que já ouvi são um tanto apressadas, desleixadas. A de João Gilberto é obviamente boa, mas não é ainda aquilo que.


Wave
João Gilberto
something's happening here but i don't know what it is

Eu hoje acordei assim... (*)



Com saudades de aeroportos. (*)

Canções para o resto da vida [desert island selection .6]

I've heard your voice so sweet 
Strangers until we meet

Há pessoas que, aparentemente, apenas vieram a este mundo para fazerem as outras felizes. Brian Wilson é uma delas.
Esta canção, de que apenas existe esta gravação (ao vivo, em 2000), é um excelente exemplo do génio.


Brian Wilson
The First Time

Bacalhau, Abrunhosa

Desenvolvi em relação aos Deolinda, e em especial à sua cantadeira, uma aversão de grande monta. Chega a preocupar-me.

Já sobre o Abrunhosa é o contrário. O rapaz é um cromo - aqueles óculos... -, mas as entrevistas e, meu deus!, até os discos têm um je ne sais quoi com que simpatizo. Fraquezas!

Agora vou almoçar.

Prazer perpétuo


[O João Lopes explica.]

O dia em que encontrei Carmen Miranda

Dei comigo, à hora de almoço, numa dessas tendas que prometem livros ao povo a preços pré-euro. Um misto de repositório de clássicos - batem qualquer fnac, bertrand ou bulbosa -, e de fantásticos monos, aquelas obras-primas, de amigos e conhecidos (até fomos ao lançamento...), grandes promessas da literatura, génios da investigação, e que acabam ali, derrotados, a dois euros o exemplar. São, enfim, locais de alguma magia para quem gosta de livros, sempre à caça da raridade ou mesmo da surpresa. Por exemplo, do calhamaço de Ruy Castro sobre a Carmen Miranda:
"Um dos orgulhos que esse livro me dá é que espero ter conseguido mostrar que Carmen foi praticamente a inventora da música popular brasileira como cantora. Ela inventou um jeito brasileiro de cantar."
Agora, vou procurar o Morrer de Prazer.

O melhor dos obituários de actores e actrizes são as fotos

Laurence Olivier e Joan Fontaine em 'Rebecca'.

Canções para o resto da vida [desert island selection .5]

Then you reached the part where the heartaches come
The hero would be me
But heroes often fail

O que torna esta canção diferente de tantas outras sobre o fim do amor é a constatação de que o amor... pode mesmo acabar. Normalmente, as canções sobre o fim de uma relação, real ou imaginária, não são mais que um prolongamento, obviamente doloroso, de algo que na realidade já não existe. Há, nos versos ou na forma como são cantados, algo que ainda remete para a possibilidade de. E é esse o encanto, no sentido de feitiço, dessa canções.
Nesta, embora de início ainda sejam referidos os fantasmas que teimam em permanecer, o final é explícito acerca da impossibilidade que cresceu.
O original é de um nomes maiores do folk canadiano (again!), Gordon Lightfoot, mas a versão de Johnny Cash, nos famosos discos que gravou com Rick Rubin nos últimos anos de vida é, de facto, insuperável.



Johnny Cash
If You Could Read My Mind

... sweet home


Dive on

Novamente, a contas com o tempo.
É o tempo, e não tu ou a água, que te impedem de te banhares duas vezes na mesma água do mesmo rio. Mas é o tempo que te mostra que são tantas as águas que por ti passam nesse mesmo rio.

Canções para o resto da vida [desert island selection .4]

I envy the rain
That falls on your face
That wets your eyelashes
And dampens your skin
And touches your tongue
And soaks through your shirt
And drips down your back
I envy the rain

Com Lucinda Williams não há amor à primeira vista. São canções das quais se aprende a gostar, ou não. Com raízes na country, Lucinda move-se num universo de grande intimismo, com frequentes referências eróticas, acentuadas por uma voz francamente sensual.
Esta canção é disso um exemplo. Faz parte do disco Essence (2001).

Lucinda Williams 
I Envy The Wind [vídeo de autor]

[grande anúncio]

dezembro, 12

dias em que o engarrafamento das seis da tarde é o maior conforto a que podes aspirar.

Canções para o resto da vida [desert island selection .3]

if my hair is a drippin' wet and my clothes are soakin' wet 
and we didn't go skinny dippin' in a cement pond 

O que eu gosto disto....  Uma canção sobre adolescência, namorar e... apanhar amoras. Para mais, com um vídeo fabuloso, que agarra completamente o conceito.
Um velho tema country de uma obscura e pouco canónica editora especializada, recuperado em 2011 por Kurt Wagner (Lambchop) e Cortney Lidwell (ambos das áreas do neo-pos-alt country), num disco ('Invariable Heartache') que assinaram sob o nome de Kort.



Kort 
Pickin' Wild Montain Berries

my heart is going BOOM, BOOM, BOOM // grab your things i've come to take you home

Redes sociais (*)

Tenho 500 'amigos' no Facebook e hoje dei-me conta de que tenho o telefone de quase todos e que com quase todos posso tomar café quando muito bem entendermos.

(*) a propósito deste texto.

outono em lisboa


As mulheres

Na verdade, há as adoráveis e as detestáveis. As do meio são homens.

sempre me pareceu que os stones usavam melhores champôs que os beatles - vidé mick jagger e brian jones

[um pequeno momento de filosofia brejeira]

faltam duas semanas para o inverno e só agora as árvores de lisboa estão a deixar cair as folhas como gente grande. é da nossa natureza, esta coisa de deixarmos tudo para os últimos dias.

Canções para o resto da vida [desert island selection .2]

I can hear the grass grow 
I can hear the melting snow 
I can feel your breath against my ear 

Há pelo menos uma dezena de canções de Nick Cave que poderiam fazer parte desta lista. São canções difíceis, quase sempre e em simultâneo belas e tristes. De alguma forma, assustadoras, como tudo o que nos ata um nó na garganta. Excessivas, porque nos levam para territórios que incomodam. Doem, mas sabem (tão) bem.
'Shoot me Down' é uma dessas canções. Fala, como quase sempre, do amor e dos seus limites. Do amor como um duelo, obviamente sem inimigos mas com corpos em chamas. A morte na fronteira do amor. Como sempre, a canção é encenada de uma forma extremamente visual, como se os corpos ardessem à nossa frente, num jogo erótico de sexo e morte. E é difícil perceber o que mais emociona, se a voz densa de Nick Cave, se a beleza da linha melódica do piano, a subtileza dançante das cordas.

Trata-se de um lado B (2003) e integra a caixa tripla de raridades, um dos mais espantosos documentos da genialidade de Cave.


Nick Cave
Shoot Me Down

[natureza morta]


Olá Lenine!

Em Kiev, 20 anos depois - imagine-se -, ainda derrubam etátuas do Lenine.
Deveríamos construir mais estátuas, em vez de alimentarmos fantasmas, muitos deles ainda em vida, tão difíceis de tombar.

lloyd cole a tentar calar os grunhos de lisboa

Best of

Espreito as listas de melhores do ano, especialmente na música e nos livros, mais para tentar perceber o que me escapou nos últimos meses do que para entender o estado da arte.
As listas são sempre escolhas pessoais e circunstanciais. Se bem feitas, o que exige trabalho e muito debate, podem, quanto muito, ajudar a definir o perfil de quem as publica - a lista da Rolling Stone será, por isso, sempre muito diferente da publicada pela Les Inrocks
No entanto, este ano - admito que possa ser da minha vista... - parece que se instalou uma certa esquizofrenia, especialmente nos meios domésticos, nos quais a Gisela João convive alegremente com a Lady Gaga. É uma parvoíce, verdade, mas não deixa de ser um belo retrato do tempo que vivemos.

Canções para o resto da vida [desert island selection .1]

to give a love, you gotta live a love
i wanna live, i wanna give

Neil Young, com Dylan e Cohen, é um dos vértices de uma muito privada santíssima trindade. Fundadores e reinventores permanentes (os últimos discos de cada um deles aí estão para o provar) de quase toda a música de que gosto.
O canadiano, este canadiano, é o mais difícil dos três, muito por culpa da irrequietude que sempre o caracterizou - na mesma década, gravou discos de country puro, de electrónica (!) e umas coisas de quase-ruído, inaudíveis.
É um perfeccionista, já experimentou todas as técnicas avançadas de gravação e edição, cada disco é uma aventura visual, e são conhecidas as peripécias que se arrastam por décadas à volta de antologias e outras minúcias de coleccionador.
Nele, gosto especialmente do profundo lirismo da música, disse 'música' e não poemas. Lirismo sonoro, como quando prolonga por minutos eternos os solos de guitarra eléctrica, sempre à beira do caos sonoro. Como faz cantar a guitarra. Gosto também do modo como conta histórias ('Cortez The Killer'), do lirismo (helas!) de algumas letras ('Hurricane') e da doçura que emana das suas melhores canções.
Nesta gravação de 1971 (as canções hão-de surgir em Harvest, 72), juntou dois temas simplesmente fabulosos: 'A Man Needs a Maid' (seria impossível escrever isto hoje, obviamente) e 'Heart of Gold' (talvez a sua canção mais conhecida, mais comercial). Falam ambas do mesmo: a desilusão do amor, o motor por excelência das grandes canções. E, sim, é verdade, (est)as canções são a banda sonora do filme da (minha) vida.


Neil Young
A Man Needs a Maid / Heart of Gold

Não deve haver nada mais promíscuo que o mundo dos livros em Portugal

Escritores que são jornalistas que são críticos de livros que são editores que escrevem em revistas de literatura que são proprietários de editoras que casam com livreiras amigas que têm um programa sobre livros na rádio que entrevistam o editor que publica os livros deles que é crítico no Expresso e poeta nos intervalos e júri de um prémio de literatura e gere um blogue sobre livros e edita na editora da vizinha porque é mais gorda que a minha. Provavelmente, até lêem livros.

eu não sei se você sabe, mas eu ando aqui tentando

paixão de cidade


Primeiras páginas


Se o El Pais não fosse um cobarde gráfico, teria tido a melhor primeira página de hoje. Assim, há um jornal holandês que é capaz de ter acertado em cheio. Por cá, a do Público bate as outras e a do i desilude, tendo em conta o padrão alto a que habituou a malta. A da New Yorker, sendo interessante (como poderia não ser?), acaba por não supreender por aí além.

18 jul 18 - 5 dez 13

Alegre, triste

Anda por aí um texto de Manuel Alegre sobre os bons e os maus socialistas (quem quiser ler, que procure o link). Quanto a este tema, penso três coisas: a primeira, a segunda e a terceira. Nenhuma delas é passível de ser aqui reproduzida sem que ofenda os bons costumes e a moral.

te re re pe ti ro ba ba pap tiro tiro pa pa te re te re da dum bade dum bum bade

Rio, Rui

De vez em quando, a cena política doméstica agita-se à volta de umas figuras sem currículo ou programa. Mistérios, ou talvez não.

it will no longer be necessary

Zona de conforto

Não é tanto a utilização na política que me incomoda, porque sobre a política nada me apetece comentar. Refiro-me mais ao uso empresarial e numa área a que poderíamos classificar de personal coaching.
Nos últimos tempos, anda meio mundo a recomendar ao outro meio que saia da sua zona de conforto. Eu até nem me tenho dado mal com isso - sempre que fui obrigado a sair da tal zona, ganhei, apesar do que perdi.
Entendo perfeitamente os benefícios do risco. O que me aborrece é essa obrigação de arriscar, como se todos os dias alguém me perguntasse, "e hoje, o que já arriscaste?".
Essa ditadura do risco faz parte, aliás, de uma conspiração mais vasta, um modismo, diria, que pretende inverter o ângulo de ataque de toda a realidade. O que ontem era seguro, é hoje posto em causa e assim sucessivamente, numa patética e cansativa esquizofrenia.
Ora o que é mesmo bom e natural é o conforto, o que todos queremos é alcançar a nossa zona de conforto, o nosso castelo, nem que se trate uma zona móvel e de amplitude variável.
Sair da zona de conforto é bom, seja por iniciativa própria, seja, na maior parte dos casos, pelas circunstâncias. Mas esse desconforto, esse perder o chão debaixo dos pés, não pode ser um exercício permanente, muito menos uma obrigação. Só um idiota retira prazer de estar permanentemente fora da sua zona de conforto.

dylanmania

gostava de escrever um romance que começasse na fracção de segundos que dura o som das baquetas nos aros da bateria no início de 'like a rolling stone'. ou então um compêndio de música. ou uma história da arte. ou até do mundo.

e agora diz-me isso em 50 segundos

o blogue

raramente se deixa trair pela dedicatória. está, porém, densamente povoado de hidden tags. um dia que as descodifique, o blogue perde(-me) todo o interesse.

*

é um puzzle de ti. não esperes que o construa sozinho.