Jobs


 
Em 2006, a Apple colocou a discografia de Dylan no iTunes e promoveu o iPod com um anúncio a Modern Times, disco de regresso aos lugares cimeiros dos tops ao fim de três décadas. Não há coincidências.

1. O mais admirável em Steve Jobs é o tal cruzamento da avenida das artes com a das ciências, do humanismo com a tecnologia.
2. Dito de outra forma - como se o poder, no sentido de poder fazer, fosse indissociável da estética, pela via do design.
3. E depois há o lado empresarial da coisa. Sem lucro não há inovação, qual é a parte que não entendem?
4. No Google, que com o Android é hoje a principal ameaça à Apple, as primeiras respostas na busca de "apple" vão para a empresa de Jobs. A maçã, propriamente dita, só aparece em terceiro ou quarto lugar. Se a Bíblia fosse escrita hoje, Eva ofereceria um iPad a Adão.
5. Escolher entre a Apple e a Microsoft lembra a velha história de quem gostas mais, dos Beatles ou dos Stones. Só que aqui quem ganha é Dylan e isso é uma vitória para Jobs.
6. Durante a leitura da biografia de Steve Jobs (Walter Isaacson) lembrei-me muito de uma pessoa, mas o decoro impede-me de a nomear.
7. O livro de Isaacson chega a ser chato de tão exaustivo. E é mesmo chato porque não passa de uma espécie de relatório, mesmo que às vezes quase queira ganhar asas. A tradução portuguesa está à altura - apressada e cheia de pequenos erros.
8. No filme (Joshua Michael Stern), é muito engraçado vermos como Jobs caminhava. Uma demonstração prática da teoria da evolução das espécies.
9. No cinema, as velhotas e os executivos estavam um bocado incomodados com aquela coisa das drogas. 
10. Feitas as contas, Steve Jobs talvez tenha tido mais desaires que sucessos. Mas só estes vingaram - razão para algum optimismo sobre cada um de nós próprios.
11. Se o génio de Jobs me toca, admiro ainda mais uma sociedade, um meio ambiente, que permitiu a sobrevivência, a prevalência, do bem sobre o mal, do sucesso sobre o insucesso. Admirável América.
12. A Apple, tal como Jobs a concebeu, não lhe sobreviverá.
13. Jobs é responsável por uma das maiores aberrações visuais da era moderna - hordas de turistas a utilizarem o iPad como máquina fotográfica. A Torre de Belém, corada,  implora pelo Windows.

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